20 Curiosidades Que As Pessoas Surdas Querem Que Você Saiba

A surdez é a terceira deficiência mais comum. A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que atualmente 466 milhões de pessoas tenham problemas auditivos no mundo. No Brasil, são quase 10 milhões com algum tipo de deficiência auditiva, o que corresponde a aproximadamente 5,1% da população brasileira de acordo com o IBGE.

Com um número tão vasto de pessoas com algum tipo de deficiência auditiva, todos deveriam se interessar mais pela cultura surda e pela linguagem de sinais. Elencamos 20 curiosidades que as pessoas surdas querem que você saiba! Confira a seguir!

70 milhões usam a língua de sinais

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David L. Ryan/The Boston Globe via Getty Images
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A linguagem dos sinais foi desenvolvida pelo professor francês Charles-Michel de l'Épée na segunda metade do século XVIII e hoje é amplamente utilizada no mundo todo. É uma rica combinação de gestos com as mãos, expressões faciais e linguagem corporal.

Aproximadamente 70 milhões de surdos usam a linguagem de sinais como sua primeira língua, de acordo com a Federação Mundial de Surdos. A língua de sinais dá à comunidade surda um senso de pertencimento, comunidade e identidade.

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A língua de sinais não é universal

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JIM WATSON/AFP via Getty Images
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Há pelo menos 126 línguas de sinais no mundo. Assim como os idiomas orais, cada uma delas tem sua própria gramática e vocabulário. A American Sign Language (ASL) é uma língua americana e a Língua Gestual Portuguesa (LGP) é a utilizada pelos portugueses, por exemplo. Na França, ela se chama Língua de Sinais Francesa (LSF), e é inclusive a língua que deu origem à Libras.

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A Libras, sigla de Língua Brasileira de Sinais, é a língua oficial da comunidade surda brasileira. Tal como a língua portuguesa, a língua de sinais é dinâmica e apresenta regionalismos.

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Libras é uma língua oficial do Brasil

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YASUYOSHI CHIBA/AFP via Getty Images
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A Língua Brasileira de Sinais (Libras) é reconhecida como língua oficial desde 2002 e, de acordo com a lei nº 10.436, possui o mesmo status que o português. É uma língua completa, com estrutura gramatical própria. Ou seja, não é apenas uma simples adaptação da língua oral. Na Libras, por exemplo, não existe conjugação de verbos e artigos.

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Na Libras, não só os sinais são importantes, mas também as expressões faciais. Saiba mais a seguir!

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Nem todos os surdos não compreendem bem o português

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libras
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A grande maioria dos surdos no Brasil não tem uma boa compreensão do português, tendo dificuldades para ler e escrever. Sendo assim, muitos realmente dependem da língua de sinais para se comunicar e obter informação. Segundo o blog handtalk.me, dificuldade de aprendizado da língua escrita pode estar ligada a diversos fatores, como a impossibilidade de aprender através da fonética e som, a aquisição de linguagem tardia, ou mesmo, a diferença da estrutura gramatical da língua de sinais e do português.

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Mas esse não é um problema apenas do Brasil. De acordo com a WFD (Federação Mundial dos Surdos, na sigla em inglês), 80% dos surdos de todo o mundo têm baixa escolaridade e problemas de alfabetização.

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Inserir legendas em um vídeo nem sempre é suficiente

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Hard of hearing pupils at Norilsk secondary school
Denis KozhevnikovTASS via Getty Images
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Vale ressaltar que muitas pessoas com surdez possuem a Libras como primeira língua e não o português. Pelo fato da grande maioria dos surdos no Brasil não ter uma boa compreensão do português, inserir legendas em um vídeo nem sempre é suficiente para torna-lo 100% acessível às pessoas surdas.

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Por isso, para deixar as produções audiovisuais mais acessíveis, é importante também inserir a tradução em Libras. Em salas de aula, eventos públicos ou mesmo na televisão, também deve ser feita a tradução entre a língua oral e a de sinais por um intérprete.

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Alfabetização em português pode ser um desafio

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Sign language interpreter for rap music
Uwe Anspach/picture alliance via Getty Images
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Apesar da grande maioria dos surdos no Brasil não ter uma boa compreensão do português escrito, não é correto dizer que pessoas surdas são analfabetas, pois elas são alfabetizadas em Libras. É por isso, aliás, que tentar se comunicar por escrito com um surdo nem sempre dá certo.

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Raras escolas estão adaptadas para receber alunos surdos. Você pode não acreditar, mas ainda temos poucos professores que conseguem ensinar o português escrito para os estudantes que têm a Libras como a primeira língua. Para esses alunos, o português precisa ser apresentado como segundo idioma, com uma metodologia completamente diferente, tal como uma língua estrangeira. Para que isso ocorra de forma efetiva, o professor deve ser bilíngue e ter uma formação específica.

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Leitura labial não é fácil!

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RAUL ARBOLEDA/AFP via Getty Images
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As expressões faciais desempenham um papel importante na comunicação interpessoal para quem utiliza a língua dos sinais. Isso porque nem mesmo os melhores leitores labiais conseguem entender todas as palavras ditas a eles.

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Por isso, expressões faciais naturais e gestos com as mãos podem realmente ajudar. Ter uma conversa em um lugar com boa iluminação também ajudará muito alguém surdo ou com deficiência auditiva a entender o que você está dizendo.

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Surdos têm outros sentidos melhores

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SEBASTIEN BOZON/AFP via Getty Images
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O ser humano tem cinco sentidos (o olfato, o paladar, o tato, a visão e a audição). Quando alguém perde um dos sentidos, a tendência é o corpo fazer com que os outros sejam intensificado. Você já sabia disso? Por isso, quem tem deficiência auditiva os surdos têm sentidos muito melhores. Está provado que seu tato, cheiro e gosto são intensificados com o objetivo de compensar a surdez.

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O termo surdo-mudo não deve ser usado

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Telephone service for the deaf demonstrated at press conference
Wolfgang Kumm/picture alliance via Getty Images
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Todos os surdos são pessoas com deficiência auditiva, mas nem toda pessoa com deficiência auditiva (PcDA) é surda. Pessoa com deficiência auditiva é um termo técnico usado para chamar alguém que possui uma perda de audição, seja completa ou parcial. Já quem tem uma perda profunda, e não escuta nada, é considerada surda.

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Outro erro é usar o termo surdo-mudo. A pessoa ser deficiente auditiva não significa que ela seja muda. A mudez é uma outra deficiência e é raro encontrar alguém com as duas ao mesmo tempo.

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Pessoas podem ter seu sinal em Libras

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Sign language
Arne Dedert/picture alliance via Getty Images
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Você sabia que em Libras é comum que uma pessoa ganhe um nome - o seu sinal - inspirado em seus em seus traços físicos, trejeitos e aspectos de sua personalidade? Sim! O sinal é usado como uma forma mais prática e visual de identificação das pessoas dentro da comunidade surda e ouvintes na sociedade. Assim, elimina a necessidade de se fazer vários sinais, um para cada letra do nome da pessoa em português.

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No entanto, quem já tem um sinal próprio, sempre que for apresentada a um surdo, soletrará seu nome através da datilologia, ou seja, ela vai soletrar cada letra do seu nome por meio do alfabeto manual e só depois apresentará o seu sinal pessoal.

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Você sabia que a acessibilidade em Libras é obrigatória?

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Hong Kong sign language -
Edward Wong/South China Morning Post via Getty Images
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Nem todo mundo sabe, mas em janeiro de 2016 entrou em vigor a Lei Brasileira de Inclusão (LBI). A lei trouxe vários avanços, garantindo mais direitos às pessoas com deficiência e punições para atos de discriminação. A lei também trouxe avanços com relação à oferta de educação bilíngue. A Língua brasileira de sinais (Libras) passou a ser reforçada como a primeira língua para surdos. E na modalidade escrita, a língua portuguesa passou ser secundária em escolas e classes bilíngues ou inclusivas.

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Nas escolas inclusivas é indispensável que o conteúdo e as aulas sejam oferecidos em Libras, como primeira língua, e em português, na modalidade escrita, para os alunos surdos. O mesmo vale para as escolas e classes bilíngues e para os materiais de aula (Art. 28-IV).

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Todos os recém-nascidos do Brasil devem fazer o Teste da Orelhinha

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Audiometry, Newborn Baby
By BSIP/UIG Via Getty Images
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Mais um direito que nem todo mundo sabe que tem. Assim como o Teste do Pezinho, que detecta precocemente algumas doenças sérias, o Teste da Orelhinha também é lei no Brasil.

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O exame é capaz de diagnosticar se a criança tem algum tipo de perda auditiva. Ele consiste na produção de um estímulo sonoro e na captação do seu retorno por meio de uma delicada sonda introduzida na orelhinha do pequeno. Ele é importante para que os bebês possam começar a reabilitação o quanto antes.

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Existem alternativas modernas

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The Post-COVID- 19 Era In Hearing Disability People
Óscar J. Barroso/Europa Press via Getty Images
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Visão, audição, olfato, tato e paladar podem ser perdidos em graus variáveis. Mas diante de uma perda total de sua função, o ouvido é o único órgão sensorial humano que pode ser substituído bionicamente por um implante. Os aparelhos auditivos funcionam bem para pessoas com níveis variados de perda de audição, mas em casos de surdez profunda são recomendados os implantes cocleares (ouvido biônico).

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O implante coclear é um dispositivo eletrônico que tem o objetivo de substituir as funções das células do ouvido interno. É um equipamento implantado cirurgicamente na orelha que tem a função de estimular o nervo auditivo e recriar as sensações sonoras. Os implantes de hoje em dia estão muito modernos e podem funcionar até embaixo d'água.

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Conteúdo disponível para quem quer aprender

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JEAN-SEBASTIEN EVRARD/AFP via Getty Images
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Caso você tenha se interessado pelo assunto, saiba que é possível aprender o básico de Libras gratuitamente em cursos online e por meio de aplicativos. Um dos mais conhecidos é Hand Talk, que traduz automaticamente textos e áudios do português para Libras e tem por objetivo a inclusão social de pessoas surdas. O app está disponível no Google Play e na App Store.

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Para quem já tem certo nível de conhecimento, pode também desfrutar dos conteúdos disponíveis em Libras no Youtube, como aulas de matemática, tutoriais de moda e canais voltados para o ensino e aperfeiçoamento da língua de sinais. Conteúdo é o que não falta!

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Mas, de onde veio a Libras?

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JEAN-PHILIPPE KSIAZEK/AFP via Getty Images
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A Libras tem origem francesa. Em 1857, o conde francês Hernest Huet veio ao Brasil a convite de D. Pedro II para fundar a primeira escola para surdos do país, chamada na época de Imperial Instituto de Surdos Mudos. Ele era surdo desde os seus 12 anos de idade e adepto do método de Charles Michel de l'Épée.

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Os surdos nascidos no Brasil que já possuíam alguns sinais para se comunicar, incorporaram à sua língua os sinais da Língua Francesa de Sinais, dando origem a Libras. Em 2002, foi oficialmente reconhecida como uma língua brasileira. Desde então, escolas, faculdades, repartições do governo e empresas concessionárias de serviços públicos estão obrigados a providenciar intérpretes para atender aos surdos.

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Surdo pode dirigir?

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Truck Drivers Protest In Sao Paulo
Fabio Vieira/FotoRua/NurPhoto via Getty Images
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Embora muitos não saibam, surdos podem, sim, tirar CNH e dirigir normalmente em via pública, uma vez que o principal sentido exigido para essa prática é a visão. Aliás, um mito comum sobre os surdos é que, como não ouvem, devem ser maus motoristas. No entanto, o oposto é verdadeiro. De acordo com estatísticas compiladas pela Associação Nacional de Surdos e pelo governo dos Estados Unidos, os motoristas surdos tendem a ser melhores motoristas do que pessoas com audição.

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Não está totalmente claro por que esse é o caso, mas provavelmente é porque dirigir é principalmente uma atividade visual, e o ambiente ideal para dirigir é silencioso (pense em quantos motoristas auditivos se distraem com música alta ou conversas telefônicas enquanto dirige!). Além disso, há algumas evidências de que pessoas surdas têm melhor visão periférica do que pessoas com audição, o que seria uma grande vantagem ao dirigir.

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Como chamar uma pessoa com deficiência auditiva

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Para chamar a atenção de alguém com deficiência auditiva, você pode dar tapinhas no ombro da pessoa. Em um grupo grande ou ambiente de sala de aula, acender e apagar as luzes é uma forma comum de chamar a atenção de todos. É rude acenar com as mãos bem na frente do rosto de uma pessoa surda para chamar sua atenção. Em vez disso, basta tocar suavemente em seus ombros.

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Não há problema em acenar com a mão, no entanto, se você estiver muito longe para um toque no ombro. Você também deve evitar agarrar as mãos da pessoa para forçá-la a prestar atenção em você (nunca segure as mãos de uma pessoa surda - é como se alguém colocasse a mão na boca de uma pessoa que ouve).

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Melhor forma de encerrar uma conversa

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TANG CHHIN SOTHY/AFP via Getty Images
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Pessoas ouvintes têm maneiras diferentes de se comunicar, sendo normal encerrar uma conversa simplesmente indo embora ou olhando em outra direção. Mas romper o contato visual para encerrar uma conversa não é adequado na cultura de surdos. O que você deve fazer então? Você deve explicar que é hora de encerrar a conversa, para que a pessoa com quem está falando saiba que o diálogo entre vocês realmente acabou.

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Dicas para melhor a comunicação

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(L to R) Wanzy Lo and Vincie Lai, sign language interpreters, work at Legco in Admiralty. 16DEC15 SCMP/Bruce Yan
Bruce Yan/South China Morning Post via Getty Images
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Ao comunicar-se com alguém surdo, tente usar frases curtas e seja objetivo com a mensagem que deseja transmitir. Isso facilita o entendimento de quem não consegue escutar.

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Tente também ser expressivo e articular bem a boca. Caso mesmo assim encontre dificuldade para se transmitir a mensagem, recorra à tecnologia. Atualmente, existem no mercado alguns aplicativos, a exemplo da SignumWeb, que facilitam a comunicação entre pessoas surdas e não-surdas.

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Algumas vitórias

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Cued Speech
Toni L. Sandys/The Washington Post via Getty Images
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A comunidade surda segue em busca de um mundo mais inclusivo, mas já teve vitórias importantes nos últimos anos. Em 2004, por exemplo, foi transformada em lei que é obrigatório o uso de intérpretes em propagandas oficiais do governo.

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Já em 2010 se regulamentou a profissão de Tradutor e Intérprete de Libras, enquanto em 2016 a Anatel comunicou que se tornou obrigatório através de lei o atendimento a pessoas com deficiências por parte das empresas de telecomunicações.